AJUDAR A IGREJA EM SUAS NECESSIDADES
Além
dos Mandamentos da Lei de Deus, existem para os fiéis católicos os Mandamentos
da Igreja, prescritos no Catecismo da Igreja Católica, que diz: “O caráter
obrigatório dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem
como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no
esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo” (CIC, 2041).
Aqui
não iremos tratar de todos, mas apenas do quinto mandamento que “recorda aos
fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um
conforme as próprias possibilidades” (CIC, 2045). Vemos que o Catecismo usa
a palavra recordar, ou seja, é algo que nos foi transmitido de alguma forma,
mas que pode cair num esquecimento, levando a deixar de lado um compromisso
essencial com a Igreja, uma vez que dela fazemos parte pelo Batismo, formando
um só corpo bem unidos no Senhor.
Nesse
Tempo Pascal, fazendo a caminhada com a comunidade do Ressuscitado, vemos um
testemunho muito bonito que era marca do compromisso da vida missionária: “Todos
os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e
os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um”
(cf. At 2,44-45). A evangelização não se dá apenas com o anúncio verbal da
Palavra, mas também pela solidariedade fraterna, o que está na essência da
missão da Igreja, pois, guiados por suas leis vemos: “Os fiéis têm obrigação
de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é
necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e
para o honesto sustento dos ministros” (Cân. 222 §1).
Há
muitas maneiras de fazer essa oferta material, porém, uma das principais é o
dízimo, prática que acompanha nossa história desde o Antigo Testamento (cf. Lv
27,30), quando o Povo de Deus ofertava a décima parte dos rendimentos ou das
colheitas e rebanhos, como forma de agradecimento por tudo aquilo que haviam
recebido do Senhor, tornando visível a comunhão com Deus, que gratuita e
generosamente, lhes oferecia seus dons.
Outra
dimensão importante é o que chamamos de justiça social, ou seja, “(os fiéis)
têm também a obrigação de promover a justiça social e, lembrados do preceito do
Senhor, socorrer os pobres com as próprias rendas” (Cân. 222, §2).
Nosso olhar se volta novamente para os Atos do Apóstolos, quando nos diz, que “nem
havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras ou
casas vendiam-nas, e, tudo o que arrecadavam repartiam de acordo com a
necessidade de cada um” (cf. At 4,34). Portanto, a justiça social se
realiza quando damos o que o outro necessita, não apenas dando o que nos sobra,
fazendo dessa oferta uma ação de graças, pois, não guardando nada para si, recebemos
os tesouros mais preciosos que são a graça, o amor, a justiça e a misericórdia
de Deus.
Nesse
tempo de pandemia, temos visto muitos gestos de solidariedade, seja com o
dízimo ou outras ofertas em nossas comunidades paroquias, seja também a partilha
de mantimentos para socorrer tantos irmãos e irmãs que têm menos do que nós,
levando-nos a admiração destes gestos, como Jesus se admirou quando viu entrar
no Templo uma viúva que ofereceu tudo o que tinha, as suas duas moedinhas (Lc
21,2).
Pe. Ricardo Nunes
(Artigo publicado na Revista Caminhando - Maio/2020 - Diocese de Nova Iguaçu)